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segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

HOMEM OU BOSTA DE SOLA?




Era sempre assim: chegava bêbado e batia na mulher. Um dia, ao abrir a porta, se depara com a mãe, Dona Zulmira. Viera de Alagoas até São Paulo a pedido da nora. A Marlene só casou com o traste por que era trabalhador e bom filho, respeitava a mãe como se fosse Deus na Terra... Ela que desse um jeito nele, então.

- Sua benção, minha mãe.

- Num tem benção nenhuma pra vagabundo, Areosvaldo.

- A senhora me desculpe, eu só...

(ela talha firme):

- Eu te criei PRA HOMEM OU PRA BOSTA DE SOLA?! Hein, seu moleque?!

Ajoelhou-se como o garoto assustado de outrora, e prometeu aos prantos:

- Olhe, minha mãe, eu nunca mais que boto pinga em minha boca, nem bato mais na Marlene. Eu prometo pela alma de meu pai! Eu lhe prometo! Fique sossegada!

Ainda assim levou um tabefe de cinco dedos na cara.

- Pois eu vou te vigiar até o dia de minha morte. Não criei filho homem pra isso! Tá me ouvindo, Areosvaldo?! Num criei filho homem pra isso!

Zulmira voltou pra casa. Areosvaldo, bêbado, com raiva, bateu na costureira Marlene até matar.

Na noite seguinte a velha viu tudo pela TV. Rezou uma Ave Maria e fez a janta.

Um comentário:

Este blog surgiu após inúmeras recomendações, broncas, cascudos e beliscões de conhecidos. Aqui está, enfim, um espaço próprio para o escritor Allan Pitz publicar suas "Patavinices", seus textos, seus livros, e tudo o mais que o tempo for lhe guiando e desenvolvendo.

Obrigado pelo incentivo de todos.