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segunda-feira, 28 de junho de 2010

Projeto Releituras

Hoje vou divulgar aos amigos paquidermicos um site que me agradou bastante, merecendo de todos os leitores interessados, assim observo, uma parada obrigatória.

O espaço se chama Projeto Releituras (www.releituras.com), é organizado e idealizado por Arnaldo Nogueira Jr., um amante da boa leitura, e reúne em seu acervo algumas pérolas da literatura nacional, como esse conto do Dalton Trevisan, Uma vela para Dario, que eu gosto imensamente. Refleti longe quando o li pela primeira vez.

Espero que gostem, e não deixem de conferir o acervo maravilhoso do site releituras.


Uma Vela para Dario - De Dalton Trevisan


Dario vinha apressado, guarda-chuva no braço esquerdo e, assim que dobrou a esquina, diminuiu o passo até parar, encostando-se à parede de uma casa. Por ela escorregando, sentou-se na calçada, ainda úmida de chuva, e descansou na pedra o cachimbo.

Dois ou três passantes rodearam-no e indagaram se não se sentia bem. Dario abriu a boca, moveu os lábios, não se ouviu resposta. O senhor gordo, de branco, sugeriu que devia sofrer de ataque.

Ele reclinou-se mais um pouco, estendido agora na calçada, e o cachimbo tinha apagado. O rapaz de bigode pediu aos outros que se afastassem e o deixassem respirar. Abriu-lhe o paletó, o colarinho, a gravata e a cinta. Quando lhe retiraram os sapatos, Dario roncou feio e bolhas de espuma surgiram no canto da boca.

Cada pessoa que chegava erguia-se na ponta dos pés, embora não o pudesse ver. Os moradores da rua conversavam de uma porta à outra, as crianças foram despertadas e de pijama acudiram à janela. O senhor gordo repetia que Dario sentara-se na calçada, soprando ainda a fumaça do cachimbo e encostando o guarda-chuva na parede. Mas não se via guarda-chuva ou cachimbo ao seu lado.

A velhinha de cabeça grisalha gritou que ele estava morrendo. Um grupo o arrastou para o táxi da esquina. Já no carro a metade do corpo, protestou o motorista: quem pagaria a corrida? Concordaram chamar a ambulância. Dario conduzido de volta e recostado á parede - não tinha os sapatos nem o alfinete de pérola na gravata.

Alguém informou da farmácia na outra rua. Não carregaram Dario além da esquina; a farmácia no fim do quarteirão e, além do mais, muito pesado. Foi largado na porta de uma peixaria. Enxame de moscas lhe cobriu o rosto, sem que fizesse um gesto para espantá-las.

Ocupado o café próximo pelas pessoas que vieram apreciar o incidente e, agora, comendo e bebendo, gozavam as delicias da noite. Dario ficou torto como o deixaram, no degrau da peixaria, sem o relógio de pulso.

Um terceiro sugeriu que lhe examinassem os papéis, retirados - com vários objetos - de seus bolsos e alinhados sobre a camisa branca. Ficaram sabendo do nome, idade; sinal de nascença. O endereço na carteira era de outra cidade.

Registrou-se correria de mais de duzentos curiosos que, a essa hora, ocupavam toda a rua e as calçadas: era a polícia. O carro negro investiu a multidão. Várias pessoas tropeçaram no corpo de Dario, que foi pisoteado dezessete vezes.

O guarda aproximou-se do cadáver e não pôde identificá-lo — os bolsos vazios. Restava a aliança de ouro na mão esquerda, que ele próprio quando vivo - só podia destacar umedecida com sabonete. Ficou decidido que o caso era com o rabecão.

A última boca repetiu — Ele morreu, ele morreu. A gente começou a se dispersar. Dario levara duas horas para morrer, ninguém acreditou que estivesse no fim. Agora, aos que podiam vê-lo, tinha todo o ar de um defunto.

Um senhor piedoso despiu o paletó de Dario para lhe sustentar a cabeça. Cruzou as suas mãos no peito. Não pôde fechar os olhos nem a boca, onde a espuma tinha desaparecido. Apenas um homem morto e a multidão se espalhou, as mesas do café ficaram vazias. Na janela alguns moradores com almofadas para descansar os cotovelos.

Um menino de cor e descalço veio com uma vela, que acendeu ao lado do cadáver. Parecia morto há muitos anos, quase o retrato de um morto desbotado pela chuva.

Fecharam-se uma a uma as janelas e, três horas depois, lá estava Dario à espera do rabecão. A cabeça agora na pedra, sem o paletó, e o dedo sem a aliança. A vela tinha queimado até a metade e apagou-se às primeiras gotas da chuva, que voltava a cair.


Link para esse texto em seu site de origem:
http://www.releituras.com


Texto extraído do livro "Vinte Contos Menores", Editora Record – Rio de Janeiro, 1979, pág. 20.

Este texto faz parte dos 100 melhores contos brasileiros do século, seleção de Ítalo Moriconi para a Editora Objetiva.
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segunda-feira, 21 de junho de 2010

Programado para ler


Não existe um computador interessante com poucos programas executáveis. O que faz a funcionalidade da máquina, em amplitude, servir para diversos fins são os programas que instalamos! Pegamos o arquivo desejado. Inserimos na máquina. E o que acontece? O computador estará munido de mais uma função programada; estará, digamos, mais inteligente. E a nossa cabeça,o nosso cérebro? Por acaso já nascemos programados com todas as informações, necessárias para o andamento pleno da vida? Já nascemos com um cérebro programado para o sucesso, para a boa fala, o bom julgamento, a inteligência? Obviamente não. – Pois é... Que lástima.

Somos exatamente como esses computadores de hoje, aliás, nosso cérebro misterioso é que funciona da mesma forma programável. Precisa, portanto, de arquivos. Precisa de funcionalidades, para abranger múltiplas tarefas. E quais seriam esses programas para o cérebro? – De televisão; suponho. – Também, é claro! Mas não só a televisão... O cinema, o jornal, a revista, o teatro, e principalmente: os livros. Já com os livros é tão nítido, que podemos visualizar aquelas folhas de papel do Windows voando para dentro do nosso cérebro ao invés da pastinha, como numa grande transferência de arquivos úteis, necessários. E vemos sobre amor, sobre ódio, sobre psicose, estradas ocultas... Caminhos que, talvez, sem os livros, jamais iríamos adentrar com olhos lúcidos... E podemos conversar com assassinos e santos, se quisermos, com juízes e vagabundos, com vampiros e demônios; com anjos! Vemos a vida de milhões, compartilhamos segredos – dos mais variados! - E nessa troca de arquivos, entupindo nosso computador cerebral de funções novas, teremos por fim uma máquina poderosa, pronta para o que der e vier pela frente.

Ainda como benefício, depois de muitas programações, nossos computadores de bordo possuirão riquíssimo vocabulário – com programa automático de correção gramatical embutido (mas demora)!

Portanto, queridos leitores literário - cibernéticos, pensaremos em cada livro lido, seja lá qual for esse livro, como um novo arquivo evolutivo, instalado em nosso cérebro de computador.


Quantos programas você instalou na sua máquina ultimamente?
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sexta-feira, 18 de junho de 2010

Feira de Livros - RJ


Tradicional feira de livros usados (repleta de livros novos em promoção, inclusive um certo A morte do cozinheiro) no Largo da Carioca. Um programa obrigatório para qualquer carioca que gosta de ler. Livros até por um (01) real!
Link original da foto: http://www.classificadoscarioca.com.br/2010/06/feira-de-livros-no-largo-da-carioca-rj/

A vontade era de comprar tudo! Apontar e mandar embrulhar para presente: Embrulha aí o meu presente! No entanto a carteira anda meio magra (Conhece a dieta da auto publicação?). Mesmo assim, aproveitando as promoções fantásticas, deu pra comprar uns quinze livros bem interessantes para os meses de estudo que quero fazer antes de escrever novos textos. Pretendo ler ao menos uns quarenta livros, e resenhá-los até o final de novembro, depois recomeço os trabalhos (escrevi livros demais ultimamente, chega a hora, necessária, de ser leitor e estudante).


Compartilho aqui algumas dessas alegrias:

PARA NASCER NASCI - PABLO NERUDA

Prosas de Pablo Neruda que revelam aspectos desconhecidos da rica e complexa personalidade do poeta.

Difel / Difusão Editorial
Páginas: 386
Ano: 1979


O FEITIÇO DA ILHA DO PAVÃO - JOÃO UBALDO RIBEIRO

Este livro não é nem pretende ser um romance histórico. É uma fantasia de nós mesmos, até hoje intrigados com o famigerado enigma brasileiro, que nos leva a indagar sobre nossas origens, o nosso caráter, a nossa formação.

Editora Nova Fronteira
Páginas: 323
Ano: 1997


DO ALTO DA MONTANHA - MORRIS WEST

O livro é uma narrativa lírica e profunda da vida, das paixões e, sobretudo, das crenças de Morris West, um dos maiores romancistas desse século.

Editora Record
Páginas: 218
Ano: 2003


O DITADOR - SIDNEY SHELDON

O ator Eddie Davis jamais imaginou o que aquele pequeno país da América do Sul iria reservar para ele. Uma trama riquíssima, bem elaborada e cheia de suspense.

Editora Record
Páginas: 248
Ano: 2009


CRIMES DE PAIXÃO - DALTON TREVISAN

Contos de Dalton Trevisan. Só isso já dispensa maiores apresentações.

Editora Record
Páginas: 126
Ano: 1978


O PASTOR - FREDERICK FORSYTH

O brilhante escritor de O dia do Chacal, O dossiê Odessa, e Cães de Guerra, oferece aos seus leitores essa empolgante história de natal que se chama O PASTOR, e se destina a ser um clássico do gênero.

Editora Record
Páginas: 70
Ano: 1975


ASSASSINATOS NA ACADEMIA BRASILEIRA DE LETRAS - JÔ SOARES

Aclamado romance de Jô Soares.

Companhia das Letras
Páginas: 252
Ano: 2005
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quarta-feira, 16 de junho de 2010

20 Comentários sobre A morte do cozinheiro




Seleção de comentários e frases colhidas em todo o processo de publicação – divulgação, até aqui, do livro A morte do cozinheiro.

1 - Impressionante e inusitado!!! (Vanessa Meiser em seu blog Leituras ponto com)

2 - uma leitura bem dinâmica e agradável, além de ter uma boa dose de humor negro e elementos do cotidiano. (Stephania Tonhá no site Sobre Livros)

3 - Já ouviram aquele ditado de que “é nos menores frascos que estão os melhores perfumes”? Então esse ditado pode muito bem ser aplicado aqui. (Ademar Jr. resenhando o livro no blog Cooltural)

4 – Nem Fudendo, meu amigo, isso aí não vende! (Livreiro carioca desinteressado no trabalho)

5 - É uma história tensa, às vezes violenta, mas com momentos engraçados (humor cáustico)... Recomendo!! (Cláudia Charão em seu blog Livraria Outubro)

6 – Nossa prateleira está cheia no momento, estamos trabalhando para futuramente aceitar esse tipo de livro. (Representante de uma grande rede de livrarias, debruçado em uma pilha colossal de exemplares do Harry Potter)

7 – Por que esse livro não vende em Blumenau?!! Comprei o e-book, gostei bastante, e quero ler mais coisa tua. (Leitor através do e-mail)

8 - O livro de Allan Pitz é mais que uma história de suspense. É um poema trágico, um drama teatral, uma comédia de humor negro da melhor qualidade. (Bia Carvalho em seu blog Amor, Mistério e Sangue)

9 - Discordo do próprio autor ao dizer que a história é referencia a dor de cotovelo. Ela me parece bem mais profunda que isso, e a personalidade de Luiz Aurélio complexa é digna de estudos. (Douglas Eralldo em seu blog Listas Literárias)

10 – Deixa uns três aí... Mas o povo gosta mesmo é de livro que vem de fora. (livreiro consignado, digo, resignado)


11 - Não se deixe enganar pela quantidade de páginas. Essas 80 páginas contêm mais do que muitos livros de 500 páginas poderiam conter. (Thalita Prado em seu site Um Mundo de Sonhos)

12 - Como quem lê faz seu filme, eu me envolvi com os desamores de Luiz e sofri com ele. (Luka em seu site Quem lê faz seu Filme)

13 -A forma como o autor descreve as desventuras e insucessos do personagem é um retrato fiel de muitos derrotados, que minguam numa sociedade que os ignora. (Douglas Eralldo em seu blog Listas Literárias)

14 - Esta é uma novela que se lê em uma ou duas horas. Mas desde já aviso que só deve ser lida quando pudermos fazê-lo de seguida. É que, uma vez começada a leitura, não se consegue parar. (Opinião de um leitor português no site Segredo dos Livros)

15 - Um livro... Estranho. Um amor doentio. Um ciúme absurdo. Não gostei do estilo do autor. (Opinião de um leitor português no site Segredo dos Livros)

16 – O livro é bonzinho; quando você morrer pode até virar Cult. (Escritor ‘aminimigo’)

17 – São 80 páginas divididos em 10 partes de puro suspense que instiga a leitura de página atrás de página. (No site Dicas Alheias)

18 – Passa perto de ser uma suruba poética entre Dalton, Machado, e Nélson... No final você quase cagou um King pela culatra. Bem, antes essa confusão estranha correndo do que um Dino Buzzati se arrastando. Dou quatro estrelas e um Gadernal (Experiente leitor crítico)

19 – Eu Suuuuuuper recomendo!!!! (comentário Leituras Fantásticas no site Skoob)

20 – Aqui no presídio eu li e vi a mesma doença no Luiz, era eu lá, e você me ajudou a ver que eu não estava só comigo. Existem coisas ruins que faz a gente querer fazer um monte de bobagem. Posso fazer diferente do Luiz, vo melhorar... (parte de um e-mail enviado pela irmã de um presidiário, a pedido dele, que leu o livro três vezes)
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terça-feira, 15 de junho de 2010

Um Mundo de Sonhos - Por Thalita Prado


Hoje o blog Um Mundo de Sonhos , da Thalita Prado, publicou entrevista comigo onde conversamos um pouco sobre minha carreira, principalmente sobre A morte do cozinheiro, livrinho que não chega a ser uma Vuvuzela sul-africana, mas anda fazendo bastante barulho.

Para ler a entrevista: http://www.ummundodesonhos.com.br

Eu não canso de exaltar a qualidade desses novos blogs literários, há um movimento muito maior do que eu pensava no cenário nacional, uma frente renovadora, uma geração curiosa de resgate cultural! A dedicação, o conteúdo, a diversidade, isso realmente me empolga, acho que se 2012 nos for benigno caminharemos bem com essa nova turma.


Vale conferir, o blog tem conteúdo bem legal e sorteará dois livros "di grátis".

Para ler a entrevista: http://www.ummundodesonhos.com.br
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Escritores na Copa!



Dizem que muitos escritores detestam a Copa do Mundo, aproveitam para fazer retiros espirituais, estudos, novas leituras... Eu não, fico louco, vejo todos os jogos (até os da Argélia) e só paro de perturbar com a cornetinha de um real depois que alguém levanta o caneco (que seja o Brasil!).



Chega de criticar o Dunga, o Zangado, o Feliz, o Felipe Melo, agora é hora de torcer pelos anões e pela Branca de Neve também! E com fé nos caneleiros!

VAI GILBERTO SILVA, DÁ DE BICO NA PELOTA!!



Pra cima deles Brasil!
Escritores na torcida!
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Marionetes do Diabo




A mãe da vítima queria olhar nos olhos do algoz.
- Por que fez isso com meu filho?!
- Tava na loucura do veneno, Dona. Foi a pedra maldita que matou o Neto. Eu só dei a mão que o Diabo precisava. E aqui na cadeia ele vai achar um monte de mão pra me dar o troco. Um monte de mão...
Um doce e maternal sorriso desabrochou no rosto da jovem senhora.
- Amém!


(Parte do livro Confetes no Funeral)
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quarta-feira, 9 de junho de 2010

Novidades - A morte do cozinheiro

Por conta da correria nos últimos dias, deixei de postar muita coisa boa que está acontecendo em relação ao meu livro. Vamos lá, abaixo seguem as novidades.
Para os novos seguidores do blog, sejam bem vindos a essa humilde savana paquidérmica de textos.


O blog Cooltural do grande Ademar Jr. está realizando uma mega promoção de livros, entre eles serão sorteados dois exemplares de A morte do cozinheiro.

Para conferir as regras e participar acessem: http://coolturalblog.wordpress.com



O blog Livraria Outubro da queridíssima Cláudia Charão, encerrou a promoção A morte do cozinheiro com mais de duzentos participantes ao todo, mas antes disso ainda publicou uma entrevista comigo. As perguntas da Claudinha foram bem legais, diversificadas, vale visitar e dar uma olhada.

Para conferir a entrevista acessem: http://livrariaoutubro.blogspot.com




O blog Livromaníaca já começou sua promoção com prazo de um mês que também sorteará dois exemplares do livro. O Livromaníaca está cheio de novidades literárias e promoções, não deixem de clicar!

Acessem: http://livromaniaca.blogspot.com



NOVOS PARCEIROS:

Mon Petit Poison

http://leituraspontocom.blogspot.com

http://nemumpoucoepico.blogspot.com

http://ihavethings2do.blogspot.com


Foto tirada pela Vanessa Meiser, autora do Leituras pontocom, espaço bem legal e interessante sobre novidades literárias.

Em breve teremos mais novidades, fiquem ligados.
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Este blog surgiu após inúmeras recomendações, broncas, cascudos e beliscões de conhecidos. Aqui está, enfim, um espaço próprio para o escritor Allan Pitz publicar suas "Patavinices", seus textos, seus livros, e tudo o mais que o tempo for lhe guiando e desenvolvendo.

Obrigado pelo incentivo de todos.