A história a seguir é baseada num antigo pergaminho Elfo, encontrado no interior de uma garrafa de tequila em Acapulco.
Em uma extinta província esquecida dos mapas de hoje, sucedeu-se um pequeno milagre.
Na parte Norte de Pacífica viviam os vegetarianos, na parte Sul os carnívoros. Uma linha imaginária à beira do Rio Valente demarcava os limites impenetráveis, sob pena de morte.
Os vegetarianos, durante longos, anos tentaram impor seus vegetais aos carnívoros, que por sua vez, tentaram lhes impor a carne.
Anos de guerra marcaram o povo de Pacífica, e à medida que o tempo corria o ódio entre os dois grupos aumentava cada vez mais. – Malditos carnívoros, ainda hão de comer da minha abóbora!
- Do outro lado se ouvia:
- Tome picanha, cambada de gafanhoto!
Qualquer um que visse o empenho dos soldados, de ambas as partes, juraria ser aquela uma briga eterna; só acabaria por restar um tabuleiro vazio. O rei que governou Pacífica durante 48 anos nunca soube de onde partiu essa rivalidade sem precedentes; também nunca conseguiu cessar a birra entre nortistas e sulistas. Porém, quando seu filho assumiu o trono, não tardou três dias para resolver o problema que muitos diziam ser milenar: o Príncipe apenas retirou a linha divisória do imaginário do povo, e obrigou os cidadãos de Pacífica a respeitarem-se mutuamente; ainda sob pena de morte.
Pacífica, então, fez jus ao nome: nenhuma briga mais ocorreu por esse motivo. Ficaram todos lá; carnívoros e vegetarianos, saladas e assados, cada um se servindo do que lhe agrada; e ninguém perdeu nada com isso.
(Publicado originalmente em 2008)
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