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domingo, 26 de setembro de 2010

Promoção 300 Paquidermes: Resultados!

Chegamos ao fim da promoção 300 Paquidermes Culturais: Um sucesso! E ao menos um leitor de sorte (ou azar) terá em sua estante todos os livros publicados nessa minha primeira fase literária.



De 130 números participantes, foram sorteados 2 pelo sistema do site Random.org; são eles:

1 - Rudynalva Correia N°80. (Ganhadora dos quatro livros de Allan Pitz)
2 - Rose Guimarães N°21. (Ganhadora do livro A Morte do Cozinheiro)

Muito obrigado pela participação de todos.
Em breve o Paquidermes Culturais estará de cara nova, cheio de novidades e outras promoções bem legais para os seguidores!

Uma das novidades é o lançamento do livro Estação Jugular... Aguardem!
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sábado, 25 de setembro de 2010

Promoção 300 Paquidermes: Último dia!



Hoje é o último dia para se inscrever na promoção 300 Paquidermes. O prazo está valendo até a meia-noite. Amanhã já sairá o resultado, assim ficaremos sabendo quem levou os meus quatro livros pra casa.
Teremos também um segundo sorteado, que vai levar um exemplar autografado de A Morte do Cozinheiro, além de dois marcadores de páginas.

O número de participantes está bem legal, superando as expectativas iniciais. Muito obrigado, mesmo!


http://paquidermesculturais.blogspot.com/2010/08/promocao-300-paquidermes.html

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terça-feira, 21 de setembro de 2010

5 Poemas selecionados: Mario Quintana, Casimiro de Abreu, e Ferreira Gullar

Mario Quintana

Os Parceiros

Sonhar é acordar-se para dentro:
de súbito me vejo em pleno sonho
e no jogo em que todo me concentro
mais uma carta sobre a mesa ponho.

Mais outra! É o jogo atroz do Tudo ou Nada!
E quase que escurece a chama triste…
E, a cada parada uma pancada,
o coração, exausto, ainda insiste.

Insiste em quê? Ganhar o quê? De quem?
O meu parceiro… eu vejo que ele tem
um riso silencioso a desenhar-se

numa velha caveira carcomida.
Mas eu bem sei que a morte é seu disfarce…
Como também disfarce é a minha vida.


Ah, Mundo...

Perdão!
Eu distraí-me ao receber a Extrema-Unção.
Enquanto a voz do padre zumbia como um besouro
eu pensava era nos meus primeiros sapatos
que continuavam andando
que continuam andando
- rotos e felizes! -
por essas estradas do mundo.



Casimiro de Abreu

Que é Simpatia

Simpatia – é o sentimento
Que nasce num só momento,
Sincero, no coração;
São dois olhares acesos
Bem juntos, unidos, presos
Numa mágica atração.

Simpatia – são dois galhos
Banhados de bons orvalhos
Nas mangueiras do jardim;
Bem longe às vezes nascidos,
Mas que se juntam crescidos
E que se abraçam por fim.

São duas almas bem gêmeas
Que riem no mesmo riso,
Que choram nos mesmos ais;
São vozes de dois amantes,
Duas liras semelhantes,
Ou dois poemas iguais.

Simpatia – meu anjinho,
É o canto de passarinho,
É o doce aroma da flor;
São nuvens dum céu d’agosto
É o que m’inspira teu rosto…
- Simpatia – é quase amor!


Meus oito anos

Oh que saudades que tenho
Da aurora da minha vida,
Da minha infância querida
Que os anos não trazem mais

Que amor, que sonhos, que flores,
Naquelas tardes fagueiras,
A sombra das bananeiras,
Debaixo dos laranjais.

Como são belos os dias
Do despontar da existência
Respira a alma inocência,
Como perfume a flor;

O mar é lago sereno,
O céu um manto azulado,
O mundo um sonho dourado,
A vida um hino de amor !

Que auroras, que sol, que vida
Que noites de melodia,
Naquela doce alegria,
Naquele ingênuo folgar

O céu bordado de estrelas,
A terra de aromas cheia,
As ondas beijando a areia
E a lua beijando o mar !

Oh dias de minha infância,
Oh meu céu de primavera !
Que doce a vida não era
Nessa risonha manhã

Em vez das mágoas de agora,
Eu tinha nessas delicias
De minha mãe as carícias
E beijos de minha, irmã !

Livre filho das montanhas,
Eu ia bem satisfeito,
Pés descalços, braços nus,
Correndo pelas campinas
A roda das cachoeiras,
Atrás das asas ligeiras
Das borboletas azuis!

Naqueles tempos ditosos
Ia colher as pitangas,
Trepava a tirar as mangas
Brincava beira do mar!

Rezava as Ave Marias,
Achava o céu sempre lindo
Adormecia sorrindo
E despertava a cantar !

Oh que saudades que tenho
Da aurora da minha vida
Da, minha infância querida
Que os anos não trazem mais

Que amor, que sonhos, que flores,

Naquelas tardes fagueiras,
A sombra das bananeiras,
Debaixo dos laranjais!



Ferreira Gullar

Mau Despertar

Saio do sono como
de uma batalha
travada em
lugar algum

Não sei na madrugada
se estou ferido
se o corpo
tenho
riscado
de hematomas

Zonzo lavo
na pia
os olhos donde
ainda escorre
uns restos de treva.
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quarta-feira, 15 de setembro de 2010

Promoções em andamento


Apenas lembrando que a promoção 300 Paquidermes vai até o dia 25 desse mês, portanto ainda dá tempo de concorrer aos meus quatro livros publicados, e tudo num sorteio só!
http://paquidermesculturais.blogspot.com/2010/08/promocao-300-paquidermes.html



Hoje começou a promoção do meu livro A Fuga das Amebas Selvagens no blog Nanie's World! É mais uma chance de ganhar! Para participar é super fácil, confiram no link:
http://naniedias.blogspot.com/2010/09/promocao-fuga-das-amebas-selvagens.html

naniedias.blogspot.com
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terça-feira, 14 de setembro de 2010

Deixa-me


Se pelas horas, lentas, sou teu dono
E te mereço
No vagar dos tempos,
E te mereço as facas
Desalento,
É que o amor,
Teu amor,
Por mim, respira.

E se as palavras
Tentam vir em rajadas,
De fogo ou vento
A responder renúncias,
Então te expurgo o ódio
Entre as unhas
Tal carrapato
Forasteiro
Em flor.

Se eu te mereço ainda o pensamento
E se as paredes novas não te prendem
É que no peito
Os sinos compreendem
Que o coração
Escolhe o sentimento.
(E o merecedor da canção)

Portanto não me tragas ódio
Nem me doe triste loucura,
Deixa-me,
Com a costumeira ternura
Que colhi da sua paixão!



(Parte do livro A Floresta Enigmática das Cerejas Mecânicas)
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segunda-feira, 13 de setembro de 2010

O ventilador



Entrou de olhar baixo o mequetrefe, devagarzinho, parou ao lado da porta.

- Depois eu compro um novo pra tu, valeu?
-...
- Aquele ventilador tava ferrado “mermo”, da época do Vô a parada... Depois compro outro pra tu. Valeu?...

A velha, serenamente, quis saber:

- Você está fumando crack com aquela rapaziada do 29?
- PORRA, VELHA! PORRA! EU NUM FALEI QUE VOU COMPRAR OUTRO BAGULHO PRA TU NA PARADA?!
-...?

Pois é.
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O MICO



Lá estava eu sentado confortavelmente em uma poltrona, na varanda de um arborizado e aconchegante sítio em Teresópolis... Tomava meu café forte lendo o jornal, quando subitamente aparece um macaquinho cinza, bem miúdo, saracoteando ligeiro entre as pilastras de madeira. Parecia buscar comida... Parei de ler e fiquei olhando aquele macaquinho... Os movimentos rápidos, a expressão sacana, um ar sorridente meio malandro, a inquietude natural. E por que não sentiu medo de mim? Um macacão barbudo com uma caneca enfumaçada na mão, óculos de leitura na cara. Fiquei olhando... Em dado momento ele deu um pulo, parando sobre a mesinha onde eu havia espalhado partes do jornal. Encarou-me sério e parou de sorrir.

- Por que tá me olhando com essa cara de bunda? Tem alguma coisa aí pra eu comer?

O macaco falou? Ao invés de correr, brinquei com a irrealidade singular do momento.

– Tem umas bananas lá dentro... Você fala?!
- Não... Sou letra de Braille, mané. Não tá me ouvindo falar não? É isso mesmo que te parece. Tô com raiva porque cortaram a bananeira. Jurei que falaria com o primeiro cretino que me olhasse como se eu fosse um ET. Vocês tinham é que pedir a benção da macacada! Somos pais dos seus ancestrais mais antigos!... Tem cigarro aí?

Dei um cigarro aceso ao macaquinho, mas sugeri que ele tomasse cuidado com os males do tabagismo. Ele, é claro, mandou-me para lugares nada cristãos.

- Sou pequeno, mas nunca fugi de nada não, cara, encaro qualquer uma na boa. Este cigarro aqui está fraco... Tinha que ver os que o Pajé me dava na aldeia, aqueles sim! Teve um dia que acordei abraçado com uma onça pintada. Pela cara de satisfação da bichana a noite deve ter sido bem animada!
- Não consigo acreditar! Estou conversando com um macaco!!
- E eu com um idiota! É a vida! Aceite e seja feliz. E se eu te dissesse que tudo o que existe no mundo humano é baseado em mentiras, ilusões, até os dogmas eternos?
- Eu falaria que você não é só um macaco falante, é muito estranho, e está me assustando também. Parece outra coisa usando o corpo simplório de um macaquinho.
- Eu digo que está certíssimo, escritor. Mais certo do que algumas porcarias que você escreve.

Um enorme gavião, em voo espetacular, invadiu a varanda levando consigo o misterioso macaco nas garras em fração de segundos, sem que o esquisito terminasse ao menos seu cigarrinho fraco.

Para não enlouquecer, culpei o fabricante do café, por introduzir substâncias alucinógenas em sua composição. O processo ainda corre na justiça. Melhor isso do que tentar creditar ao macaco choroso por sua bananeira o rótulo de demônio... Ou acreditar que o gavião esfomeado era algum Deus hipotético, em defesa de minha alma.

Culpei o fabricante do café, sim. E me senti novamente o maior dos humanos!
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sábado, 11 de setembro de 2010

I Have a Dream




"Eu Tenho Um Sonho" (título original em inglês: "I Have a Dream") é o nome popular dado ao histórico discurso público feito pelo ativista político norte-americano Dr. Martin Luther King, Jr., no qual falava da necessidade de união e coexistência harmoniosa entre negros e brancos no futuro. O discurso, realizado no dia 28 de agosto de 1963 nos degraus do Lincoln Memorial em Washington D.C. como parte da Marcha de Washington por Empregos e Liberdade, foi um momento decisivo na história do Movimento Americano pelos Direitos Civis. Feito em frente a uma plateia de mais de duzentas mil pessoas que apoiavam a causa, o discurso é considerado um dos maiores na história e foi eleito o melhor discurso norte americano do século XX numa pesquisa feita no ano de 1999. De acordo com o congressista John Lewis, que também fez um discurso naquele mesmo dia como o presidente do Comitê Estudantil da Não-Violência, "o Dr. King tinha o poder, a habilidade e a capacidade de transformar aqueles degraus no Lincoln Memorial em um púlpito moderno. Falando do jeito que fez, ele conseguiu educar, inspirar e informar [não apenas] as pessoas que ali estavam, mas também pessoas em todo os EUA e outras gerações que nem sequer haviam nascido."

Wikipédia
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sexta-feira, 10 de setembro de 2010

Convidado Paquidérmico: Livraria Outubro

Mais um convidado Paquidérmico passeando por aqui! Desta vez é a queridíssima Cláudia Charão, dona do blog parceiro Livraria Outubro. A Claudinha é uma pessoa fantástica, rara, e fez um vídeo super criativo para o Paquidermes onde apresenta um pouco de seus livros, resenhas, sua estante, enfim... Confere aí que está bem legal!




Musica usada: Sob um céu de blues
Artista: Cascaveletes


Não deixem de visitar o blog:
livrariaoutubro.blogspot.com
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quinta-feira, 9 de setembro de 2010

O Paquidermes Culturais entrevista: Jacob Pétry


O Paquidermes Culturais entrevistou o escritor Jacob Pétry, e aproveitou para mergulhar fundo em sua obra mais recente: “O Óbvio que Ignoramos”. A matéria está realmente imperdível!

Pergunta a parte: Quem é Jacob Pétry?

O grande filósofo dinamarquês Sören Kierkergaard disse uma coisa muito importante: “Uma vez que você me rotula, você nega minha essência”. Pergunto: sem os rótulos, como posso expressar minha essência?

1 – Como foi a sua descoberta literária, o início dos trabalhos como escritor?

Minha paixão pelos livros começou cedo. Não que houvesse outro estímulo além do meu próprio, o interno. Minha mãe, por exemplo, escondia os livros de mim. Dizia que eu era muito novo para ler o tempo todo. Vivia me contando a história de um senhor que, segundo ela, havia enlouquecido de tanto ler. Mesmo assim, sem medo da loucura, eu lia escondido. Um dia, ao entregar uma redação, o professor olhou para mim e disse: você vai ser escritor. Até então, eu nunca havia pensado sobre isso. Mas depois disso, nunca duvidei das palavras dele. Dali em diante, o processo foi idêntico ao de quase todos os autores. Muitas recusas, publicações sem notoriedade, inúmeras “quase desistências”... Enfim, esse parece ser sempre o caminho.

2 – Jacob, é impossível não perceber, após ler o seu último livro, que você deposita muita esperança na capacidade do Ser Humano. Antes de apostar em buscas externas, peregrinações, você conduz a busca interna da pessoa, fortalecimento e foco interno, coisa rara em qualquer livro considerado de autoajuda. Pode-se dizer então, que Jacob Pétry é um homem que deposita suas esperanças fielmente na humanidade? Um otimista no amanhã?

Eu acredito no lado divino que existe no ser humano. É ali que está todo o encanto, toda a magia da vida. Infelizmente, ao longo dos anos, sofremos uma ruptura com esse lado divino. Essa ruptura faz com que nos sintamos isolados, fragmentados, inseguros e incompletos. É preciso fazer essa reconexão para que possamos nos sentir inteiros outra vez. Para que essa reconexão ocorra, temos que nos desidentificar com nossa mente. Ou seja, aprender a assumir o controle sobre nosso pensamento. Aprender a controlar nosso constante pensar involuntário e compulsivo. Nós não somos nossa mente. Nós não somos nosso pensamento, nós somos aquele que pensa. A mente é uma parte de nós, uma ferramenta à nossa disposição, mas ela tomou conta de nós e nos colocou a seu serviço. Houve uma inversão de papéis que precisa ser corrigida. Esse é o maior problema do ser humano. Eu acredito num ser humano livre dessa compulsão do pensar involuntário. É somente depois de se libertar do pensar compulsivo e involuntário que poderemos agir com o coração, levando em conta nossa divindade.

3 – Como você observa o mercado editorial brasileiro? E como, em sua opinião, o mercado pode influenciar nas descobertas literárias atuais?

Os autores brasileiros têm um estranho hábito de querer produzir obras de grande culto literário. E para se classificar nessa categoria, o livro não pode ser um sucesso de vendas. Compreendendo esse modismo estranho, Isabel Allende, quando esteve em Parati, por exemplo, chegou a pedir desculpas por ser uma campeã de vendas. Isso para mim foi curioso, para não dizer que achei isso uma incoerência fundamentada num arcaísmo medieval. Afinal: qual o sentido de um livro que não vende e que não é lido? Em hipótese alguma estou descartando a importância da qualidade literária, o que estou dizendo é que não se pode ignorar o leitor como uma das razões principais pelas quais se escreve um livro. E que, se quisermos que o leitor leia mais, e se quisermos competir com o mercado estrangeiro, precisamos passar a levar isso em conta.

4 – Aquele velho assunto dos escritores: Estrangeiros X Nacionais. Eles entram aqui, dificilmente entramos lá. Como você vê isso? Sua visão parece perfeita para avaliar com proximidade essa questão.

Qual o país que mais exporta jogadores de futebol para a Europa? O Brasil, certo? Agora, quantos jogadores europeus atuam no Brasil? Se há algum, é caso raro. O mesmo acontece com os escritores. Os Estados Unidos exportam livros porque, da mesma forma como o futebol é uma especialidade brasileira, a literatura é uma especialidade americana. Os Estados Unidos têm uma livraria para cada 15 mil habitantes. O Brasil, uma para cada 70 mil. O americano lê em média 12 livros por ano; o brasileiro, 4,7 (e considere que esse número foi inchado com a inclusão dos livros didáticos, de leitura obrigatória. Desse índice, apenas 0,9 não são didáticos). Além disso, se o livro for bom, não deixará de ser vendido nos Estados Unidos. “O Alquimista”, de Paulo Coelho, é venerado por aqui e não raras vezes, comparado com “O Pequeno Príncipe”, de Saint-Exupéry. A Borders, uma das principais redes de livrarias dos Estados Unidos, oferece a coleção inteira do Paulo Coelho em destaque. Robert McKee, o guru dos maiores screenwriters do mundo, em seu livro e seus cursos usa “Dona Flor e seus Dois Maridos”, de Jorge Amado, como exemplo. Essa história de que outros países fecham a porta para a literatura brasileira é ressentimento baseado em premissas falsas. Nós precisamos assumir responsabilidade pelas nossas deficiências. Infelizmente, literatura não é nosso ponto forte.

5 – Focando em seu livro “O Óbvio que Ignoramos”, qual é o objetivo principal da obra? Aquilo que você aqueceu por dentro e confabulou consigo durante todo o processo?

Imagine o sofrimento do pedreiro sem o trabalho do engenheiro civil. Suponha que ele queira construir um prédio de 12 andares, mas que não possui a planta fornecida pelo engenheiro. Provavelmente, depois de muito desperdício de tempo e dinheiro, esse pedreiro acabaria construindo apenas um andar, ou, quando a construção estivesse pela metade, o prédio tombaria por falhas na estrutura. O mesmo acontece na nossa vida. Todos nós temos sonhos grandes, mas somos como o pedreiro sem a planta fornecida pelo engenheiro. Sonhamos alto, mas acabamos desistindo cedo ou persistimos até nossa estrutura não suportar mais o peso. O objetivo principal do “O Óbvio que Ignoramos” é oferecer um guia utilizado por pessoas que se tornaram bem sucedidas e felizes. Um dos motivos que me levou a escrever o livro foi justamente o fato de que quando eu precisei desse guia, não pude encontrá-lo. Como o pedreiro que para construir seu prédio decide cursar engenharia, eu passei anos pesquisando e estudando os princípios que compilei no livro.

6 – Você já ignorou o óbvio?

Adotar o óbvio é um exercício diário e para a vida inteira. A questão, porém, não é jamais ignorá-lo, mas ter consciência de que o senso-comum, nem sempre é prática comum. Ou seja, nem tudo que se sabe, se faz. Mas para mim, é fácil perceber que já consegui avançar bastante em alguns pontos, como o fato de investir nos meus pontos fortes; libertar-me da síndrome do excesso de oportunidades e manter o foco na Lei da Tripla Convergência. Tenho, no entanto, sérias dificuldades com outros pontos, como a minha libertação do meu eu abstrato (o tão pernicioso boneco de opiniões). Outro ponto onde preciso melhorar é o que chamo no livro de “Efeito Pigmaleão”. Esses dois pontos são cruciais, mas notavelmente meus maiores desafios. Fico feliz, porém, por ter o livro como guia. Seguir minhas próprias instruções tem me ajudado muito. Há algumas semanas, por exemplo, por uma atitude boba, infantil, me vi envolvido numa situação muito desconfortável, emocionalmente frustrante. Precisava encontrar uma solução eficaz e rápida. Passei uma noite pensando sem chegar a uma conclusão convincente. Depois de cochilar por algumas horas, acordei com uma passagem do Capítulo 8 em mente, onde mostro como as pessoas bem-sucedidas agem diante do erro. Segui minha própria instrução: admiti o erro e fiz um sincero pedido de desculpas e a situação estava resolvida.

7 – Onde o Brasil, país de dimensões continentais, pode estar ignorando o óbvio?

O Brasil está mudando, está crescendo, está tomando consciência de si. Mas sim, ainda ignoramos o óbvio. Precisamos aprender a parar de reclamar, de culpar os outros pelas nossas circunstâncias. Precisamos assumir a responsabilidade pela nossa dependência externa, pela nossa desigualdade social, pelos nossos problemas educacionais. Não é culpa da União Europeia, dos Estados Unidos ou da China que 70 milhões de brasileiros nunca leram um livro ao longo da vida. Também não é culpa dos outros que nossas lideranças tenham a tradição de uma crônica falta de integridade.

8 – Em minha modesta opinião, seu trunfo maior nesse livro é a não didática programada, as histórias excelentes que conduzem o leitor ao entendimento pleno, a fluidez das teorias sem nenhum cansaço. Nada técnico demais, tudo vivo e real, concreto! Quanto tempo você demorou em concluir as pesquisas desse trabalho? E como foi que tomou conhecimento dessas histórias de superação e foco excepcionais?

Sou adepto da teoria de que aprender deve ser fácil, divertido e apaixonante. Para que isso seja possível, é preciso existir uma curiosidade natural pelo assunto. Sem esses fatores, o aprendizado estará comprometido. Tudo que é complicado e enfadonho ou está deslocado da nossa área de habilidade ou é resultado de alguém com esse problema. Tornar-se um expert em qualquer atividade exige persistência. Para resistir à tentação de relaxar, precisamos de combustível, e não há combustão melhor que a paixão e a curiosidade. Por isso nossos resultados na vida dependem muito mais do fato de desenvolvermos nossas habilidades do que da nossa inteligência.

É difícil dizer quanto tempo levei para concluir as pesquisas desse trabalho. A aprendizagem é um processo de uma vida inteira e, em cada trabalho, você vai avançando. Porém, o que facilitou muito minha pesquisa foi o convívio muito próximo, de quase duas décadas, com Valdir Bündchen, o pai da Gisele. Sem dúvida esse convívio produziu a espinha dorsal desse livro. As outras histórias eu fui coletando ao longo dos anos. Eu não desejo créditos pela autoria de nenhum princípio ou conceito que está no livro. Todos eles já foram publicados anteriormente e, por isso, os chamo de óbvios. Tudo que fiz foi apresentá-los de uma maneira distinta para mostrar como esses princípios óbvios, quando aplicados, fazem toda diferença nos resultados.


9 – O que é filosofar a vida em 2010 para Jacob Pétry?

É descomplicar a vida e mergulhar nas profundezas do simples em todas as formas possíveis.

10 – O seu livro fala muito dos desafios e barreiras no início da carreira de algumas celebridades de sucesso, até mesmo de Einstein, e por vezes fala de Gisele Bündchen e seus obstáculos enfrentados como modelo. Em algum momento você temeu que as histórias de celebridades como Gisele e Silvester Stallone diminuíssem o fator intelectual da obra, aos olhos dos próprios intelectuais?

Intelectual, num termo bem simples, é aquele que produz pensamento. A produção de qualquer pensamento só tem importância quando contribui de uma forma ou de outra para a construção do bem-estar social da humanidade. Essa contribuição, pela sua própria definição, traz em si, como fim último, a felicidade do indivíduo. Nesse sentido, um bom ponto de partida para compreender a felicidade é estudar o comportamento de pessoas que conseguiram alcançar esse fim em todos (ou pelo menos quase todos) os estágios da vida. Nesse sentido, meu estudo se refere especificamente ao caráter individual das personagens que cito, e não a sua posição social. Pretender reduzir a importância de uma obra por ela analisar a vida de Gisele Bündchen ou de Sylvester Stallone, ao invés de uma Gertrude Stein ou de um James Joyce, seria preconceito e, portanto, prejudicial. Afinal, nesses tempos rápidos e virtuais, quem ainda tem paciência para ler livros como “Finnicius Revém”? E que utilidade essa leitura, por ser incompreensível, teria? É lamentável o fato de ainda não termos nos libertado do paradigma de que o fruto do trabalho intelectual deve ser complicado, difícil, incompreensível. Está na hora de nos livrarmos desse conceito que vem de um complexo de inferioridade criado por pseudointelectuais, que, para se protegerem, contagiaram o mundo acadêmico com a seguinte fórmula: “Se eu, o aluno, não entendo o texto, é porque ele deve ser profundo”. Isso é um absurdo. Se a compreensão é descartada da produção do pensamento, que utilidade terá esse pensamento?

11 – Outro ponto memorável do seu livro é a questão da máscara social, do personagem novo que criamos e não conseguimos manter sempre, a armadura de convívio construída para agrado dos outros. Acredita que muitas pessoas vivem um personagem erguido em bases fracas de suposta necessidade? Uma vida de mentiras? Quantas “pessoas de mentira” poderiam estar em nosso convívio diário?!

Toda vez que tentamos causar uma impressão, estamos usando uma imagem falsa de nós. Criamos essa imagem falsa porque no fundo acreditamos que quem nós realmente somos não é bom o suficiente; por isso, precisamos representar, causar uma impressão para além do que somos. Essa impressão varia, se adequando às nossas aparentes necessidades. Essa imagem falsa é construída através do monólogo inconstante que temos na nossa mente e que não percebemos como sendo algo anormal. Através do pensar involuntário e constante, criamos um eu à parte, formado de opiniões e conceitos a nosso respeito. Essa imagem nos isola do nosso ser autêntico, e esse isolamento cria um sentimento de medo e insegurança, porque, no íntimo, sabemos que a imagem que criamos não é real. Com o passar do tempo, esse “falso eu” se torna a única imagem que temos sobre nós. Aos poucos, esse pensar involuntário que cria o “falso eu” torna-se nosso próprio inimigo, punindo-nos pela nossa falta de autenticidade e condenando-nos pela nossa insegurança, isolamento e as frustrações decorrentes disso. E como o “falso eu” é feito de opiniões, qualquer opinião afeta sua estrutura, o que nos torna extremamente vulneráveis. Qualquer crítica ou opinião negativa feita a nosso respeito, cria uma forte noção de aniquilamento, de destruição. É preciso tomar consciência desse processo para poder libertar-se dele; por isso, dediquei um capítulo inteiro do livro a esse assunto.

12 – O que podemos esperar de seus trabalhos para os próximos anos? Algum projeto pronto ou em andamento?

Estou trabalhando num livro que pretendo concluir ainda no primeiro semestre de 2011 e que aborda de uma maneira bem simples e compreensível como essa imagem abstrata que criamos sobre nós afeta nossas escolhas e, consequentemente, os resultados em nossa vida.


13 – Papo bem ligeiro em cinco tempos:
Um livro de cabeceira: Os ensaios, Michel de Montaigne
Uma música inesquecível: Proudest Monkey – Dave Matthews Band
Um filme: Lendas da Paixão
Um sonho: Bora-Bora
Um autor ícone: Nassim Nicholas Taleb

14 – Muito obrigado por conceder essa entrevista ao Paquidermes Culturais. Deixo esse espaço livre para uma frase final, e um recado para todos os seus leitores.

Se eu pudesse tomar uma decisão por cada leitor, eu decidiria comprar “O Óbvio que Ignoramos” e o leria duas ou três vezes. Falo isso porque, apesar de tê-lo escrito, o releio mensalmente. Afinal, o cuidado da alma pertence a cada um. Obrigado a você, Allan, pela oportunidade e aos leitores pela paciência e confiança.


(Nós é que agradecemos, Jacob!)


Jacob Pétry é brasileiro radicado nos Estados Unidos. É autor dos livros O céu é de pedra, Ilusões Rebeldes, As Gêmeas, O enigma da mudança, (este em co-autoria com o sociólogo Valdir Bündchen), e O óbvio que ignoramos.
www.jacobpetry.com
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segunda-feira, 6 de setembro de 2010

Cegueira da sobrevivência


No primeiro dia não vimos nada.
O disparo fatal no Arquiduque
As mentiras de cada colarinho
As canções que previram furo
As orações que previram rombo
O último assombro
O feno
Em pratos, tantos,
Desacostumados ao nobre capim.

No primeiro dia não vimos nada.
As migalhas em bocas conformadas
Os pássaros pedindo gaiolas de sobrevivência
Os Cardeais em sua santa indecência
Os Pastores trocando ovelhas por pessoas
Os riachos secos
Os becos
Não vimos o mangue seco
Apodrecendo aos poucos
Em cada um de nós.

No primeiro dia não vimos nada.
Não vimos o invasor ditar as regras
E molestar o seio de nossas famílias
E arrastar as primaveras, os doces dias,
Para fingir em falsas telas diabólicas
A vida vulgar que o meu filho morto
Não teria!

No primeiro dia não vimos nada.
Não vimos a fome
Não vimos a sede
Não vimos a morte
Não vimos a desunião
Não vimos a desilusão
Não enxergamos a injustiça
Nem as fantasias
As contas
Os abatedouros
O sangue
A utopia!
...
No segundo dia nós enxergamos tudo.
Sim, no segundo dia.
E seguimos exatamente como no primeiro.


(Parte do livro de poemas Por Culpa do Sol)
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domingo, 5 de setembro de 2010

Piadinhas do Al Kharin (Margheritas em Cabul)

(Desenho do amigo Pituba)

Árabe sendo traído em Paris

Um dia, o Al Kharin foi até à mesquita pedir conselhos ao Imam.

- Imam, eu preciso de sua ajuda. Hadisha, minha mulher, está me traindo, e o que é pior, Imam, ela está dando a parte de trás para um padeiro francês! Se estivéssemos no Marrocos tudo seria mais fácil de se resolver, no entanto, aqui é Paris, Paris! Faça algo para que ela pare, por favor!

O Imam, boquiaberto, responde:

- Meu filho... (com ar pensativo) Um dia, eu estava em Marrakech, numa reunião entre os grandes mestres Islâmicos, quando, de repente, senti uma forte dor de barriga... Corri para o banheiro e, acredite, eram gases. Voltei para a minha cadeira e cinco minutos depois: Outra dor de barriga. Novamente, fui correndo até o banheiro e, acredite: Gases novamente. Quando já tinha retornado a minha cadeira, outra dor de barriga; daí, pensei: devem ser gases! Filho... Acredite... Borrei-me todo na presença dos grandes mestres.

Nisso, Al Kharin retruca, meio constrangido:

- Mas... Imam... Eu estou falando de Hadisha,
o que isso tem a ver com ela?

O Imam segue com ares de sabedoria:

- Meu filho, se eu não consigo controlar o meu
rabo às vezes... Como é que você pode querer
que eu controle o da sua mulher?!



A Paz no Oriente Médio!



Um árabe caminhava pelo deserto, quando encontrou uma garrafa de Coca-Cola.
Ao abrir a tampa - surpresa! - apareceu um gênio:
- Olá! Sou o gênio capitalista de um só desejo, às suas ordens.
- Que beleza!! Então, eu quero a paz no Oriente Médio! Veja esse mapa aqui: Quero que esses países todos vivam em paz!
O gênio olhou bem para o mapa e disse:
- Cai na real, meu amigo. Esses países guerreiam há cinco mil anos! E para falar a verdade, eu sou bom, mas não o suficiente para isso. Peça outra coisa.
- Bom... Eu nunca encontrei a mulher ideal. Você sabe... Gostaria de uma mulher que tenha senso de humor, goste de sexo, de cozinhar, limpar a casa, lavar, passar, que não seja ciumenta, que goste de futebol, seja fiel, gostosa, bonita, jovem, carinhosa, e não se importe de eu ter ou não dinheiro.
O gênio suspira fundo e diz:
- Me deixa ver a porra desse mapa de novo...



Parte do Livro Margheritas em Cabul - O melhor do humor árabe!
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sexta-feira, 3 de setembro de 2010

Convidado Paquidérmico: Horário do Pensar Gratuito


Hoje começa uma nova série no Paquidermes Culturais, o Convidado Paquidérmico! Sempre teremos um convidado especial passeando por aqui para postar uma novidade. Tudo nessa postagem é escolhido pelo convidado, em tema livre. O primeiro é o Grande blogueiro escritor Danilo Barbosa (Literatura de Cabeça) e (Cultura e Crônica). Danilo chamou a minha atenção pelo carinho com que trata os livros em seu blog, e por deixar fluir em seu outro blog ótimos textos e pensamentos derivados de suas leituras, e visões cotidianas. Vamos lá:


Horário do Pensar Gratuito


Houve um tempo, em um passado não muito distante, em que nos achávamos felizes.
Vivíamos situações reais e sabíamos o que acontecia na casa ao lado.
Sabíamos compartilhar. O nome do povo brasileiro era esperança....
Pode parar! Larguemos esta utopia!
Somos todos seres imbecilizados(?). Diante de programas fúteis, que nos massacram com informações completamente estapafúrdias, achamos que somos donos de tudo. Que decidimos tudo. Oh Ilusão!!!! Prendemos pessoas em jaulas de luxo por dinheiro e adoramos quando provas duras de resistência destróem o psicológico e criam farpas onde não haveriam?! Ou melhor, vemos um desfile de caricaturas querendo exercer o direito de dirigir uma nação! Será que deixamos de ser humanos?
Pois é, o pior é que a culpa é nossa! Nos tornamos burros. Burros por achar que podemos decidir alguma coisa diante destas novelas com pessoas reais e imagens editadas. Quando a cada drama do horário nobre a gente segue a moda na maneira de falar, vestir e agir. As coisas são feitas para nós escolhermos, opinarmos, e não precisar confiar cegamente. Perdemos a capacidade de raciocinar? Tanto na cultura, na política e na religião, estamos cheios de tartarugas penduradas em postes: A gente nunca sabe porque ela chegou lá e nem como. A melhor solução é tira-la de lá e garantir que ela nunca faça de novo este ato impensado.

Por isso, meus amigos, não se irritem se nas votações, não sair o resultado esperado: A cada um que damos poder é reflexo nosso. Desde dar o governo a um populista dos anos 50 ou dar do nosso bolso uma montanha de dinheiro a um 'brutamontes'. Afinal, o ser humano adora ser a vítima de cada história. Mas nunca se esqueçam ao olhar para trás e refletir sobre o que passamos, que a história sempre é contada pelo ponto de vista dos vencedores. E pelo visto, não estaremos lá para narrar nossos episódios...

(Texto do autor Danilo Barbosa)


http://culturaecronica.blogspot.com

http://literaturadecabeca.blogspot.com/
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Este blog surgiu após inúmeras recomendações, broncas, cascudos e beliscões de conhecidos. Aqui está, enfim, um espaço próprio para o escritor Allan Pitz publicar suas "Patavinices", seus textos, seus livros, e tudo o mais que o tempo for lhe guiando e desenvolvendo.

Obrigado pelo incentivo de todos.