De onde você escreve? Sobre o quê? Para quem?
A sua vista da janela é inspiradora, seu cérebro age sozinho, você é papagaio da literatura estrangeira? Imita alguém? Aquele que você gostava de ler?
O que você escreve é seu? É para os seus?
Para começar usarei o comentário de um vizinho:
- Você tem que levar o nome do nosso bairro pra frente! O povo pensa que aqui só tem bandido, Allan. Meus amigos de infância, na maioria, nunca leram um livro. Meus vizinhos, a maior parte, é neutra nos assuntos culturais. A diversão do bairro é pipa, peão, bola. Computador ainda é pouco. A molecada fala com gírias, briga por bobagem, grita, sai na porrada, responde alto... A sexualidade parece ser induzida como auto-afirmação juvenil, necessária. Os tiroteios são frequentes. Os pais não estavam preparados nem para ser filhos
– assim me parece -! e já vão se tornando avós.
Meu trabalho até aqui seguiu com uma preocupação em especial: o entendimento de todos. Obras populares, rápidas, como a antiga “literatura de bonde”, coisa prática para ser lida por qualquer um. Eu queria ver aquelas pessoas do meu bairro com livros nas mãos, queria realmente ajudar, comecei a ver que algumas escritas são tão técnicas e rebuscadas que jamais seriam lidas por aquela gente. Eu precisava fazer alguma coisa. De que adianta ter talento se não faço nada como homem? Escrever o quê? De que adianta ver uma pilha de elogios vindos do topo, quando se sente que as resenhas de baixo aqueceriam mais. De que adianta dizer que se é inteligente, se essa inteligência está encubada no ego melindroso do EU? Um sábio egoísta, um discriminatório pedante, um elitista bundão, coito interrompido do avanço nacional?! Qual é a inteligência de escrever para quem escreve, e no fim escrever de mãos dadas para ninguém? Há inteligência nobre em omitir o bem, em fazer-se bondosa luz de abajur, quando a luz do bem pode estar em tudo?! Quem sou eu dentro disso, afinal?!
Uma Ameba Selvagem... Nascia o primeiro livro de prosa com aspecto popular, seguido por outro de poemas.
Para quem já leu A Morte do Cozinheiro, aqui vai uma revelação: O vocabulário narrativo é uma sátira. Foi de sacanagem mesmo que o Luiz se rebuscou tanto para explicar seus feitos, sendo ele um literário egocêntrico.
Chiste matável, ignóbeis gestos de educação, momento fulcral, e por aí vai...Para quem me escreve dizendo que esse livro foi um escarro torto querendo ser Machado de Assis... Palmas! Acertou quase na mosca (na picadura do mosquito, talvez)! Mas seria, como sátira, um Machadinho Moderno, desses que acham
Machadão, o grande, um pentelho fino de qualquer gringo best-seller, por exemplo.
- Allanzão, quando é que sai o teu próximo livro?
- Não sei... Acho que esses putos estão esperando eu morrer... Ou aprender a escrever.
- Você é doido, cara!!
- E quisera ser de barro também! Moldava um escritor com amigos influentes, editores, dinheiro. E menos linguarudo.Não deixe de participar da promoção
300 PAQUIDERMES (para ganhar todos os meus livros)!!
Término: 25/09/2010
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